sábado, 11 de fevereiro de 2017

Menos pessoas empregadas e mais pessoas inativas



Da mesma forma que persiste uma inexplicável concentração da mensagem mediática na evolução do défice orçamental, ignorando-se o verdadeiro problema da espiral incontrolável da dívida pública, assistimos a uma abordagem idêntica em relação à taxa de desemprego. Ignora-se, também neste caso, o verdadeiro “mix explosivo” que conjuga a destruição de empregos na última década e o preocupante aumento de pessoas inativas com mais de 15 anos.

Através da consulta dos dados estatísticos publicados no site do INE [link], verificamos a seguinte evolução no período [2007-2016]:


Podemos constatar que na última década, passou a haver menos 564,5 mil pessoas empregadas (!). O triste fenómeno da emigração (coerciva) que caracteriza o Portugal moderno implicou uma relevante redução de 440,1 mil pessoas na população ativa que, assim, garante que a taxa de desemprego não atinja valor mais elevado.

Outra preocupante evolução é o aumento de 4,2 pontos percentuais na taxa de inatividade das pessoas com 15 anos ou mais anos, resultado de um maior número de pessoas nesta situação (+ 329,2 mil em 10 anos).

Atente-se a esta grave disparidade, que não tem conhecido merecido tratamento por parte dos nossos agentes políticos. Em 2007, Portugal tinha 5.169,7 mil pessoas empregadas a produzir e a contribuir para os vários sistemas de assistência social, em contrapartida de 3.799,9 mil pessoas (com idade > 15 anos) que por razão de desemprego ou inatividade não o podiam fazer. Dava um rácio de 1,36, para ser rigoroso. Vejamos o Portugal de 2016 que tem 4.605,2 mil pessoas empregadas a produzir e a contribuir para os vários sistemas de assistência social, em contrapartida de 4.253,5 mil pessoas (com idade > 15 anos) que por razão de desemprego ou inatividade não o podem fazer. Dá um rácio de 1,08, o que significa que está quase “ela por ela”. Dado preocupante, mas banido da caixa de ressonância pública. 

O que é que isto quer dizer em relação ao nosso futuro, conjugando-se com a espiral de dívida pública (a ser paga pelas gerações futuras)? Direi que com um cobertor curto não conseguiremos tapar as duas extremidades.

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