Da mesma forma que persiste uma inexplicável concentração
da mensagem mediática na evolução do défice orçamental, ignorando-se o
verdadeiro problema da espiral incontrolável da dívida pública, assistimos a uma
abordagem idêntica em relação à taxa de desemprego. Ignora-se, também neste
caso, o verdadeiro “mix explosivo”
que conjuga a destruição de empregos na última década e o preocupante aumento
de pessoas inativas com mais de 15 anos.
Através da consulta dos dados estatísticos
publicados no site do INE [link],
verificamos a seguinte evolução no período [2007-2016]:
Podemos constatar que na última década, passou a
haver menos 564,5 mil pessoas empregadas (!). O triste fenómeno da emigração (coerciva)
que caracteriza o Portugal moderno implicou uma relevante redução de 440,1 mil
pessoas na população ativa que, assim, garante que a taxa de desemprego não
atinja valor mais elevado.
Outra preocupante evolução é o aumento de 4,2
pontos percentuais na taxa de inatividade das pessoas com 15 anos ou mais anos,
resultado de um maior número de pessoas nesta situação (+ 329,2 mil em 10
anos).
Atente-se a esta grave disparidade, que não tem
conhecido merecido tratamento por parte dos nossos agentes políticos. Em 2007, Portugal
tinha 5.169,7 mil pessoas empregadas a produzir e a contribuir para os vários
sistemas de assistência social, em contrapartida de 3.799,9 mil pessoas (com idade > 15 anos) que por
razão de desemprego ou inatividade não o podiam fazer. Dava um rácio de 1,36,
para ser rigoroso. Vejamos o Portugal de 2016 que tem 4.605,2 mil pessoas
empregadas a produzir e a contribuir para os vários sistemas de assistência
social, em contrapartida de 4.253,5 mil pessoas (com idade > 15 anos) que por razão de desemprego ou
inatividade não o podem fazer. Dá um rácio de 1,08, o que significa que está
quase “ela por ela”. Dado preocupante,
mas banido da caixa de ressonância pública.
O que é que isto quer dizer em relação ao nosso futuro,
conjugando-se com a espiral de dívida pública (a ser paga pelas gerações
futuras)? Direi que com um cobertor curto não conseguiremos tapar as duas
extremidades.
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